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TOC: Mania ou doença? 5y55f

A pessoa que tem TOC sofre muito com seus pensamentos irreais e ilógicos ou obsessões e com seus atos, igualmente desnecessários ou compulsões 2h4ph

Clóvis veio do interior para fazer exames cardiológicos na capital e ficou na casa de Ana, sua irmã. Além de Ana, o imóvel era ocupado por Raíssa, a filha mais nova de Ana, com dezesseis anos de idade; Kátia, a mais velha, havia casado há um ano e morava numa cidade vizinha do Estado.

Foi Clóvis quem observou o comportamento estranho da sobrinha, que ava horas no banho e disse à irmã que isso não era normal, pontuando que a moça precisava ser levada a um médico. Ana, na verdade, já havia observado esse comportamento e algumas vezes teria falado com a filha, mas, no fundo, preferia não ver isso como patológico. Preocupava-se, com certeza, pois seu esposo, o pai de Raíssa, que havia falecido há um ano, vítima de um acidente vascular cerebral, também tinha suas manias, ava horas à mesa, durante o almoço, contando os ladrilhos azuis e os vermelhos da parede da cozinha, sempre da mesma maneira, primeiramente os azuis, um por um, da esquerda para direita, de cima para baixo e em seguida de baixo para cima, da direita para esquerda; ava, então, à contagem dos vermelhos, da mesma maneira. Fazia isso inúmeras vezes, o que prejudicava muito sua pontualidade ao trabalho vespertino, além de perder a companhia da esposa e filha durante a refeição. Pelo menos só fazia isso na hora do almoço.

Quanto à Raíssa, os pedidos da mãe não pareciam efetivos, mas os do tio surtiram efeito e a mocinha procurou ajuda profissional. Nas consultas, ela confidenciou à médica que durante os banhos precisava limpar toda a contaminação que havia trazido da rua. Usava três sabonetes inteiros em cada banho e um deles se destinava apenas à limpeza das partes íntimas. Ensaboava-se e enxaguava-se várias vezes até o último pedaço de sabonete; e, mais, necessitava cuspir no ralo do box toda vez que se enxaguava. Sofria com isso, pois perdia muitos compromissos, uma vez que chegava a ar duas horas ou mais dentro do banheiro por ocasião do banho. Nos dias frios, muitas vezes Raíssa deixava de banhar-se para evitar, pelo menos nesses dias, tal sofrimento.

Foi diagnosticada com transtorno obsessivo compulsivo, quando estão presentes alguns pensamentos, que fogem claramente da lógica, conhecidos como pensamentos obsessivos ou obsessões, no caso de Raíssa, a ideia de vir sempre contaminada da rua; além das obsessões, há ainda as compulsões ou atos compulsivos, que servem, dentro da compreensão doentia da pessoa enferma, para anular a contaminação que ela julga, ilogicamente, estar presente em sua vida, no caso da jovem, o banho demorado e uso de três sabonetes em cada banho.

A pessoa que tem transtorno obsessivo compulsivo ou TOC sofre muito com seus pensamentos irreais e ilógicos ou obsessões e com seus atos, igualmente desnecessários ou compulsões. Ela reconhece tudo isso como rituais anormais, ilógicos, mas, à medida que a doença evolui, torna-se mais difícil evitá-los, tal a intensa ansiedade causada pela tentativa de controle dos pensamentos e dos atos.

A pessoa portadora desta enfermidade sofre e não é pouco. Porém, é um sofrimento que pode ser amenizado ou descontinuado com o tratamento especializado. Mais uma vez, faz-se importante a ajuda do psiquiatra e do psicólogo, que vão estabelecer a melhor abordagem para cada caso.

Com o tratamento, Raíssa não tem mais perdido seus compromissos e seu banho é tomado dentro de um tempo considerado normal, apesar de ainda um pouco demorado no entendimento da mãe. Pelo menos não há mais gasto excessivo de água, luz e sabonetes, o que é um alívio ao bolso da família.

Dona Ana agora reconhece a doença, chamada de transtorno obsessivo compulsivo ou TOC e descobriu que existe tratamento para esta enfermidade. Surgiram para Dona Ana, porém, o lado bom e o ruim desta descoberta: o bom é que a filha está sendo tratada e levando uma vida normal. O ruim, é que por antes ignorar a existência da doença, seu marido morreu sem usufruir do benefício de seu tratamento.

Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista Saúde Mental, e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.

Comentários (1) 6hs6o

  • kelly Amorim dos Santos

    Eu sou exatamente assim! Tenho TOC ??

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